Diz-se indiferentemente «dói-me» e «sofro». (...)
A dor é consequência de um dano físico do corpo. Obedece às leis da fisiologia e manifesta-se por queixas, por vezes gritos, e necessita de um tratamento sistemático com medicamentos. A dor é uma experiência individual, solitária, da qual é necessário identificar a origem para se poder tratar a causa. Toda a dor física acarreta naquele que a suporta um sofrimento psicológico secundário à forma como ela é vivida.
O sofrimento existe sem dor física e faz parte da condição humana. Este sofrimento psíquico ligado à existência não precisa de medicamentos. Ele exige expressar-se por palavras, ser escutado e entendido. Ele precisa de ser partilhado com aquele que o compreende e que assim o poderá aliviar.
A vida faz sofrer. E esse sofrimento não pode ser aliviado com químicos.
As dores físicas obedecem a regras quase mecânicas. O sofrimento psíquico obedece a mecanismos psicológicos. Faz parte da vida humana. Ele é a vida, testemunha dos nossos afectos em reacção aos acontecimentos dolorosos que atravessamos e não constitui uma patologia mental, mas uma experiência da qual é necessário tirar proveito.
Influências da leitura de "A força para curar", de Édouard Zarifian
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